Volume 18

  • A cooperação entre pesquisadores do hemisfério global norte-sul é crucial para a produção de novos conhecimentos que forneçam informações às políticas de desenvolvimento. Contudo, o processo de definição da agenda é um grande obstáculo em várias parcerias de pesquisa sobre desenvolvimento. A primeira seção deste artigo examina como as estratégias de doadores bilaterais afetam os processos de definição de agenda cooperativa. A segunda seção explora as motivações para que pesquisadores estabeleçam parcerias Norte–Sul; os obstáculos que pesquisadores do hemisfério sul encontram nos processos de definição de agenda e as estratégias que eles empregam para garantir que as parcerias de pesquisa respondam às suas preocupações. Essa análise sugere que embora as sólidas organizações de pesquisa do hemisfério sul estejam melhor posicionadas para maximizar os benefícios da colaboração, doadores e pesquisadores estão igualmente bem orientados para reconhecer as limitações dessa abordagem e para utilizá-la prudentemente, uma vez que parcerias Norte–Sul não são necessariamente a melhor maneira de se avançar em agendas de pesquisa enraizadas em prioridades do hemisfério sul.
  • A pesquisa de desenvolvimento tem respondido a várias acusações nas últimas décadas. Quando, por exemplo, a pesquisa tradicional foi acusada de ocorrer “de cima para baixo”, a resposta foi a pesquisa participativa, conectando os “receptores” com os geradores de pesquisa. Como os processos participativos foram reconhecidos como produzindo resultados limitados, surgiu a agenda liderada pela demanda. Com acusações relativas ao fracasso da pesquisa em gerar resultados, o modelo de ”ligação”, que conecta pesquisa com o setor privado, tem se tornado popular. Contudo, utilizando exemplos da pesquisa sobre saúde de animais, esse artigo demonstra que todas as abordagens citadas acima sofrem grandes restrições na geração de resultados que abordem os problemas multi-facetados enfrentados pelas pessoas pobres. O artigo apresenta uma nova abordagem da pesquisa, o modelo Mosaico. Ao combinar diferentes formas de conhecimento e concentrando-as nas lacunas existentes, o modelo visa associar resultados básicos e aplicados com o objetivo de aumentar a eficiência e o valor da pesquisa passada, atual e futura.
  • Parceria tem se tornado uma palavra-chave no jargão do desenvolvimento internacional. Esse artigo apresenta os resultados de uma pesquisa sobre as perspectivas de trabalhadores de ONGs cambojanos e filipinos acerca das condições de levantamento de recursos. Em geral, os praticantes expressaram uma visão de que suas relações com os financiadores não são consistentes com a retórica de compartilhamento de poder e colaboração que freqüentemente acompanha as discussões de parceria, confirmando amplamente a literatura negativa sobre parceria. Apesar disso, os praticantes expressaram um desejo de continuidade das relações colaborativas existentes com organizações do hemisfério norte, idealmente com um maior enfoque sobre o contexto local e as relações pessoais. Os praticantes acreditam que uma parte importante de sua função é mediar o desenvolvimento para torná-lo mais relevante e sensível às demandas.
  • Partindo de uma análise da injustiça social e ambiental, a autora argumenta que o conceito de racismo ambiental é integral ao modelo hegemônico do desenvolvimento capitalista. Ela revela como os mega-conglomerados financeiros, auxiliados pela mídia, exploram tais preconceitos e destaca a relevância do racismo ambiental na luta para combater as desigualdades, valorizar a importância da diversidade e desenvolver a cidadania plena para todos.
  • Este artigo argumenta que a prática do alívio da pobreza é em grande parte limitada por uma visão da pobreza que não consegue capturar as causas localmente específicas das barreiras que se encontram no caminho do bem-estar humano e as soluções para elas. Essa visão problemática da pobreza assume a forma do mundo-real em coisas como os Textos sobre Estratégia de Redução da Pobreza, sendo uma razão-chave desse e de outros esforços de alívio da pobreza atual não mostrarem com freqüência resultados melhores com relação aos esforços anteriores. Ao reformular nosso entendimento dos desafios ao bem-estar humano da pobreza para as “pobrezas”, porém, nós poderíamos visualizar uma nova abordagem para o desenvolvimento de políticas em relação à pobreza que nos faça mover em direção a um desenvolvimento verdadeiramente sustentável.
  • Os direitos humanos estão atualmente enfrentando um paradoxo: a coexistência de desafios profundos em território familiar (liberdades civis) mais a expansão para novas áreas. As abordagens baseadas em direitos (RBA) são uma parte dessa última corrente em expansão. Este artigo argumenta que quatro tipos de valor agregado podem potencialmente ser apontados. Primeiramente, o valor agregado pode ser buscado por meio de usos diretos, indiretos e estratégicos da lei. Em segundo lugar, recentralizar o Estado e perguntar novamente a questão sobre seu papel adequado no desenvolvimento (implementação, supervisão), bem como realizar estrategicamente o engajamento com o Estado, também agregam valor. Em terceiro lugar, em relação à sua accountability, a RBA agrega valor ao fazer o Estado prestar contas, capacitando aqueles que possuem direitos e deveres e incentivando um novo tipo de propriedade de direitos humanos entre as ONGs. Em quarto lugar, o artigo explora as alegações de que a RBA re-politiza o desenvolvimento, redefinindo-o como desenvolvimento baseado em direitos em vez de benevolência; reivindicando ou politizando novamente os termos-chave (processo) do desenvolvimento; abordando a raiz, as causas estruturais, em vez dos sintomas da pobreza e conflito; e falando a verdade sobre o poder. Nem todas essas contribuições são exclusivas à RBA, porém; e de qualquer maneira, é preciso ainda verificar se a RBA cumprirá sua promessa.
  • O comportamento de ONGs internacionais (ONGIs) continua a impedir a efetividade da ajuda. As razões para isso são identificadas. Seis prescrições são oferecidas que, se adotadas pelas ONGIs, reduziriam o prejuízo que elas causam.
  • Nos últimos 10–15 anos, tem havido um aumento de interesse no assunto de Estudos de Desenvolvimento (DS). Existem agora significativamente mais cursos regulares concentrados em DS e os fundos de pesquisa estão aumentando rapidamente. Contudo, durante o mesmo período, os DS enfrentaram críticas recorrentes sobre sua natureza essencial. Isso tem nos levado a perguntar: O que são Estudos de Desenvolvimento? E o que eles poderiam ou deveriam ser?
  • Este breve artigo destaca algumas das principais contribuições feitas pela ONU ao pensamento e prática de desenvolvimento de 1945 a 2000. O termo desenvolvimento é utilizado aqui amplamente para se referir não apenas aos aumentos no crescimento econômico e renda per capita e à mudança estrutural, mas também refere-se ao progresso na promoção dos direitos humanos, redução da pobreza, geração de emprego, distribuição mais justa dos benefícios de crescimento, participação nas tomadas de decisão em diferentes níveis, igualdade de homens e mulheres, desenvolvimento e bem-estar infantil e justiça social e sustentabilidade ambiental. Há primeiramente uma discussão dos valores que têm apoiado o trabalho da ONU sobre desenvolvimento. Após essa discussão há um sumário de algumas das contribuições-chave feitas pelo sistema da ONU para o pensamento sobre questões de desenvolvimento. O artigo conclui com algumas observações sobre as maneiras pelas quais essas contribuições foram feitas e sobre os pontos positivos e negativos do sistema na criação de idéias e ação de desenvolvimento.
  • A qualidade do trabalho das ONGs depende imensamente da qualidade do pensamento crítico e da análise da pobreza entre todos os níveis de funcionários. Em particular, a qualidade do trabalho na área – entre parceiros e a comunidade – depende de uma compreensão dos processos de desenvolvimento e de sólidas habilidades de facilitação, que dependem de níveis elevados de pensamento crítico. Embora quase todos os tenham naturalmente, a aprendizagem mecânica nos sistemas educacionais e patriarcais e estruturas de poder centralizadas freqüentemente minam seu desenvolvimento. Este artigo sugere algumas maneiras práticas pelas quais as agências de desenvolvimento possam desenvolver um sólido pensamento analítico e sólidas habilidades de facilitação entre seus funcionários. Embora o artigo seja voltado principalmente aos funcionários de linha de frente, a implicação é que tais mecanismos são necessários em todos os níveis para que as organizações desenvolvam suas próprias capacidades.
  • Os vastos recursos naturais florestais da Índia, inclusive em produtos florestais não-madeireiros (NFTPs) como plantas medicinais e aromáticas, animais e produtos animais, bambus, canas e minerais, oferecem empregos que representam até metade da renda de cerca de 25 por cento da força de trabalho rural do país. Contudo, práticas de colheita inadequadas e o excesso de exploração em face da crescente demanda de mercado estão ameaçando a sustentabilidade desses recursos e, assim, os meios de subsistência das comunidades tribais dependentes da floresta. Este artigo analisa o estado dos NTFPs e iniciativas recentes que visaram melhorar sua conservação e gestão sustentável, recomendando políticas para otimizar o potencial dos NTFPs tanto para apoiar os meios de subsistência rurais quanto para contribuir com o bem-estar social, econômico e ambiental da Índia.
  • Muito tem sido pesquisado e falado sobre os impactos da liberalização comercial internacional em nível de país; mas pouco é conhecido sobre seus impactos sociais e ambientais em nível local. Uma vez que as médias nacionais podem mascarar a existência de vencedores e perdedores, estudos no plano nacional podem ser um guia inadequado para abordar as dificuldades dos pobres da zona rural e do meio ambiente, que estão no centro da agenda do movimento social e de conservação. Este artigo compara o debate da liberalização comercial internacional com os resultados encontrados nos estudos de caso locais em zonas rurais de sete países, coordenados pelo WWF e pelo Banco Mundial durante 2004–2006, discutindo ainda algumas ações que o movimento de conservação e o movimento social poderiam adotar para melhorar a discussão e a prática de liberalização comercial, redução da pobreza e conservação ambiental.
  • In English only
  • pp 658-669
  • Este estudo de caso do distrito de Búzi, em Moçambique, investigou se a igualdade de gênero, em termos de participação de homens e mulheres em grupos, leva à eqüidade no compartilhamento dos benefícios do capital social criado por meio do grupo. Explorando a complexa conexão entre gênero, grupos e capital social, nós constatamos que a eqüidade de gênero não é necessariamente alcançada com a garantia de direitos iguais aos homens e mulheres por regras estatutárias, ou lidando com grupos como uma entidade coletiva. Embora não tenham havido diferenças significativas nos padrões de investimento de homens e mulheres em termos de participação nas atividades de grupo e contribuição ao trabalho comunal, o acesso às posições de liderança e aos benefícios do capital social foram distribuídos de maneira desigual. Em comparação com os homens, as mulheres acharam também difícil transformar as relações sociais em direção a um maior acesso à informação, acesso aos mercados ou ajuda em caso de necessidade. pp 650-657
  • Os projetos do Centro Internacional de Melhoria de Milho e Trigo (CIMMYT) relacionados às novas tecnologias de conservação de recursos (TCRs) nas Planícies Indo-Gangéticas do Nepal tiveram por objetivo reforçar a eqüidade de acesso, a redução da pobreza e a orientação de gênero nos processos correntes de mecanização rural – mais especificamente, promover a conservação de recursos com máquinas e tecnologias de redução de trabalho penoso entre os pequenos produtores rurais. Tais projetos, com outros exemplos e outros atores, deram origem a um projeto informal de "coalizão", que utilizou as abordagens de desenvolvimento de tecnologia participativa (DTP), em que produtores rurais, engenheiros, cientistas e outros parceiros trabalharam em favor de um acesso equânime às novas TCRs. Essa experiência mostrou que projetos DTP necessitam ser flexíveis, fazendo uso de abordagens de aprendizado e mudanças. Assim que a adoção bem-sucedida esteja ocorrendo, então o que fazer? Tais projetos precisam assegurar que todos estejam sendo beneficiados em termos de inclusão social e eqüidade; isso poderia requerer novo trabalho não previsto. pp 643-649
  • Avaliações envolvendo stakeholders (partes interessadas) incluem avaliação colaborativa, avaliação participativa, avaliação de desenvolvimento e avaliação de empoderamento – distingüidas pelo grau e profundidade de envolvimento dos stakeholders locais ou dos participantes do programa no processo de avaliação. No monitoramento e avaliação participativos (M&AP) da comunidade, as comunidades definem os objetivos do programa e desenvolvem indicadores locais para traçar e avaliar as mudanças. O M&AP não está livre de limitações, um deles sendo o fato de que os indicadores comunitários são altamente específicos e localizados, o que limita uma ampla aplicação dos indicadores comunitários comuns para a avaliação de programas em espaços sociais e geográficos amplos. Nós desenvolvemos indicadores comunitários com seis comunidades de produtores rurais em Malauí a fim de avaliar um projeto de desenvolvimento comunitário. Para aplicar os indicadores às seis comunidades, nós os agregamos e utilizamos a escala e a pontuação Likert para avaliar a percepção das comunidades quanto à extensão com que o projeto havia atingido seus objetivos. Nós analisamos os dados usando um confronto das médias a fim de comparar os indicadores entre as comunidades e por gênero. pp 633-642
  • Embora a pobreza rural seja endêmica na região andina, os programas de ajuste estrutural têm levado a um desmembramento entre pesquisa agrícola e serviços de extensão, de forma que eles são incapazes de atender às necessidades dos pequenos produtores rurais. A ONG Ação Prática tem trabalhado nos Andes com as necessidades veterinárias e agrícolas dos produtores rurais. O trabalho inclui o treinamento de agentes de extensão de produtor rural para produtor rural, conhecidos localmente como Kamayoq. Os Kamayoq têm estimulado a pesquisa participativa com produtores rurais e os produtores locais os pagam pelos seus serviços em dinheiro ou em espécie. O modelo Kamayoq é em grande medida uma abordagem não subsidiada para a provisão de serviços técnicos adequados e estímulo à participação dos produtores rurais. O modelo também ilustra que, no contexto estimulante de participação dos produtores e inovação, as ONGs possuem vantagens em relação às organizações de pesquisa devido a sua presença de longo prazo, capacidade de estabelecer a confiança com produtores locais e suas ênfases nos processos sociais e comunitários. pp 627-632
  • O PETRRA foi um projeto de gestão e pesquisa agrícola que utilizou uma abordagem baseada em valores no desenho, planejamento e implementação de projetos. Mediante um processo de aprendizagem baseado na experiência, institutos de pesquisa e desenvolvimento (P&D) agrícolas, ONGs, agências privadas e organizações comunitárias redescobriram e aperfeiçoaram o conhecimento de seus pontos fortes no atendimento dos compromissos do desenvolvimento. O projeto mostrou de maneira bem-sucedida como a pesquisa baseada em valores pode significativamente ser implementada e como um impacto em favor dos pobres sustentável pode ser alcançado. pp 619-626
  • As mulheres exercem um papel importante na oferta de alimentos nos países em desenvolvimento, mas muitas vezes sua capacidade de alimentar as famílias adequadamente vê-se comprometida; o resultado são os altos níveis de doenças oriundas dos alimentos e o conseqüente acesso limitado aos mercados de mais alto valor. Nós argumentamos que as abordagens de risco – a atual melhor prática para gestão da segurança alimentar nos países desenvolvidos – requerem uma adaptação ao difícil contexto dos mercados informais. Nós sugerimos a pesquisa participativa e a análise de gênero como mecanismos de ampliação de fronteiras, juntando comunidades e implementadores de segurança alimentar para analisar problemas de segurança dos alimentos e desenvolver soluções viáveis. Os exemplos utilizados mostram como essas metodologias podem contribuir para operacionalizar as abordagens de risco em ambientes urbanos e para desenvolver uma nova abordagem para avaliação e gerenciamento da segurança alimentar em países pobres, que nós chamamos de “análise participativa de risco”. pp 611-618
  • Os reais especialistas em pobreza são as pessoas pobres, contudo a incidência e as tendências da pobreza são geralmente medidas pelo uso de indicadores econômicos oficiais que são assumidos como sendo relevantes pelos pesquisadores. As famílias pobres fazem distinção entre renda monetária e de subsistência. Em um exercício de “auto-avaliação de pobreza”, moradores pobres de vilarejos rurais da China especificaram e avaliaram o peso de indicadores-chave de pobreza. Oito indicadores centrais descrevendo três tipos básicos de pobreza foram separados e utilizados para construir um índice de pobreza participativo (IPP), cujos componentes oferecem uma idéia a respeito das causas básicas da pobreza. Além disso, o IPP permite uma comparação direta da incidência de pobreza entre os vilarejos – a despeito das diferenças nas características sociais, culturais e ambientais de cada uma delas. Como resultado, o IPP oferece um método objetivo de condução do monitoramento da pobreza, independentemente de características físicas e sociais. Este artigo apresenta uma breve descrição do IPP e dos dados necessários para a construção de um IPP que seja específico dos vilarejos. pp 599-610
  • Este estudo avaliou a extensão com que métodos participativos tinham sido usados pelo CIMMYT, e como os cientistas os viram. Os resultados sugerem que as abordagens participativas no Centro foram amplamente "funcionais" – isto é, voltadas a melhorar a eficiência e relevância da pesquisa – e tinham na verdade agregado valor aos esforços de pesquisa. A maioria dos projetos avaliados também deram ênfase à formação da consciência dos produtores rurais. É compreensível que nós pensemos que o fator limitante nos intercâmbios entre cientistas e produtores rurais seja a limitada base de conhecimento dos produtores. Assim, em condições tais como as existentes nas áreas marginais e na pequena propriedade rural, a exposição a novos genótipos e a melhores opções gerenciais possíveis seria um requisito inicial para interações efetivas e implementação das abordagens participativas. pp 590-598
  • Até recentemente, as abordagens participativas e convencionais da pesquisa agrícola eram vistas como mais ou menos antagônicas. Este artigo apresenta evidência de três sub-projetos de um programa cooperativo de pesquisa Tailandês-Vietnamita-Alemão sobre "Uso Sustentável do Solo e Desenvolvimento Rural em Regiões Montanhosas do Sudeste da Ásia", em que elementos participativos foram integrados com sucesso na pesquisa agrícola convencional na forma de atividades complementares. Em todos esses três sub-projetos os custos de estudar o conhecimento local ou promover as experimentações dos produtores rurais consistiram em pessoal local adicional, custos de oportunidade do tempo dos produtores participantes e custos de viagens. Contudo, esses elementos participativos dos projetos de pesquisa constituíram somente uma pequena fração dos custos totais. É possível então concluir que uma pesquisa agrícola convencional pode ser complementada por componentes participativos de maneira efetiva em termos de custos, enquanto produz benefícios significativos na forma de criação de sinergias ao combinar conhecimento científico e local, aperfeiçoar dados no nível micro e enfatizar as limitações dos produtores rurais que afetam a adoção de tecnologia. pp 576-589
  • A popularidade das abordagens de pesquisa participativa é amplamente impulsionada pelos benefícios esperados com a ponte realizada entre as instituições formais da ciência agrícola e as comunidades rurais locais, tornando a pesquisa agrícola mais relevante e efetiva. Não há, contudo, certeza de que essa abordagem, que tem sido principalmente baseada em projetos, será bem-sucedida em transformar a pesquisa agrícola nos países em desenvolvimento em direção a instituições mais sensíveis aos clientes e orientadas para impacto. Os gerentes de pesquisa devem considerar estratégias apropriadas para tal transformação institucional, incluindo: (1) cuidadoso planejamento de processos e interações sociais entre os diferentes participantes, documentando como ela poderia resultar em sucesso ou fracasso; (2) objetivos claros que influenciem os métodos participativos utilizados; (3) claras trajetórias de impacto e hipóteses de impacto desde o início, especificando os produtos, resultados, impactos e beneficiários esperados; (4) desejo de adotar aprendizagem institucional, onde as práticas e culturas existentes possam ser mudadas; e (5) compromisso de financiamento de longo prazo para sustentar o processo de aprendizagem e mudança. pp 564-575
  • Este estudo explora o impacto intra-familiar do feijão-de-corda melhorado de duplo propósito (IDPC no original) a partir de uma perspectiva de gênero, em termos de produtividade e disponibilidade de alimento, forragem e renda, cujo impacto é associado à renda que vai para as mãos das mulheres. O excedente de renda é importante para os lares em termos dos benefícios alimentares e nutricionais, particularmente nos períodos de risco. Mais importante, a renda gerada por meio das variedades de feijão-de-corda melhorado passou a fazer parte de um domínio amplamente feminino, em que as transferências de rendas foram repassadas para mulheres de diferentes idades, com um impacto significativo em temos de desenvolvimento econômico e social. Entretanto, a tecnologia tem reforçado a separação das esferas de trabalho entre homens e mulheres. As futuras tecnologias deveriam, desde o início, explorar as possibilidades existentes na rubrica local, a fim de se concentrar nas mulheres com o objetivo de expandir sua participação na agricultura com os benefícios associados para suas famílias. pp 551-563
  • A necessidade de aumentar a sustentabilidade agrícola tem levado ao governo da Índia a promover a adoção do gerenciamento integrado de pragas (PIG). Uma avaliação dos sistemas convencional e de agricultura PIG foi conduzida na Índia (2002-2004). Os produtores rurais que administravam as fazendas PIG haviam participado do treinamento ecológico baseado em descoberta, nominalmente as Escolas de Campo Rurais (ECR). A avaliação incluiu cinco áreas de impacto: (1) a matriz ecológica e (2) riscos ocupacionais da produção de algodão; e os efeitos da adoção do PIG sobre (3) alocação de trabalho; (4) práticas gerenciais; e (5) meios de vida. A análise mostrou que uma combinação de abordagens aumentou a profundidade e a relevância das descobertas. Métodos participativos e convencionais foram complementares. O estudo também revelou impactos diferentes sobre os meios de vida de mulheres e homens, assim como entre produtores rurais ricos e pobres, e demonstrou que o valor da experiência pode ser capturado também em termos das próprias estruturas de referência dos produtores rurais. O processo de avaliação consumiu recursos consideráveis, indicando que há necessidade de distribuições orçamentárias adequadas. pp 539-550
  • O debate sobre o empoderamento abrange um discurso mais antigo sobre o valor intrínseco do empoderamento e um discurso mais recente sobre os seus benefícios instrumentais; e o conceito de agência é útil no entendimento dessa distinção. No desenvolvimento agrícola, os esforços do empoderamento são muitas vezes instrumentalistas, vistos como uma forma avançada de participação que irá aumentar a efetividade dos projetos, com taxas de adoção que promovem o cumprimento de metas em vez do empoderamento intrínseco. Entretanto, é possível que os projetos aumentem os meios para o – e a facilitem o processo do – empoderamento intrínseco. Com relação ao processo, a pesquisa e a extensão podem utilizar uma abordagem construtivista antes de behaviorista para apoiar mudanças no conhecimento, comportamento e nas relações sociais. Ao avaliar o empoderamento, tanto os desenvolvedores como os "desenvolvidos" necessitam buscar evidências de que as pessoas estão assumindo o controle de suas vidas. Estudos de caso – tais como aqueles usados pelo Programa Indonésio de Gerenciamento Integrado de Pragas (PIG) – ajudarão a capturar o contexto e a cronologia, com comportamentos não planejados tornando-se indicadores particularmente úteis. pp 524-538
  • Este artigo baseia-se na pesquisa de desenvolvimento participativo conduzida no distrito de Soroti em Uganda, com o objetivo de avaliar o impacto do desenvolvimento agrícola entre produtores rurais pobres. O argumento central é que uma combinação de empoderamento dos produtores rurais e inovação por meio de aprendizagem a partir da experiência em grupos da escola de campo rural (ECR) mudanças na estrutura de oportunidade mediante a transformação dos funcionários locais, o estabelecimento de novas instituições locais administradas por produtores rurais e a emergência de um provedor privado de serviços te sido bem-sucedida na redução da pobreza global. Baseado em um estudo empírico da adaptação bem-sucedida e da difusão de tecnologias em favor dos pobres, o estudo avalia o impacto no bem-estar por parte do desenvolvimento da tecnologia agrícola no distrito de Soroti. O estudo conclui que a difusão baseada no mercado das tecnologias agrícolas em favor dos pobres requer um contexto institucional que combina o empoderamento dos produtores rurais com um ambiente de política capacitador. pp 506-523
  • Este artigo traça a história da pesquisa agrícola participativa, amplamente baseada na experiência pessoal do autor. A pesquisa participativa na década de 1970 foi liderada principalmente pelos cientistas disciplinares e caracterizada por atividades inovadoras e debate acadêmico aberto, com algum reconhecimento de que a política e a prática do desenvolvimento eram um processo político. Os anos 1980 presenciaram uma mudança para o aprendizado a partir da experiência passada, de modo que foi desenvolvida uma corrente dominante participativa, buscando métodos de intensificação. Enquanto isso, outros procuraram entender e influenciar as políticas e a mudança institucional em seus contextos políticos e culturais, assim como manter abertos os debates acadêmicos. O autor vê os anos 1990 como "anos perdidos", durante os quais os praticantes participativos da corrente dominante tornaram-se generalistas de desenvolvimento voltados para si mesmos, não tão interessados em aprender com outros que estavam fora desse paradigma. O final da década de 2000 oferece uma chance para reconhecer a inserção política e cultural da ciência e da tecnologia; para reintroduzir disciplinas fortes e amplas; e para aprender com as atividades do passado que resultaram em conseqüências positivas de desenvolvimento (planejados ou não planejados). pp 489-505
  • Este artigo faz uma resenha, por meio de referências à literatura publicada, de algumas das questões-chave sobre a pesquisa participativa. Quando a pesquisa participativa pode ser usada? Como a pesquisa participativa pode ser utilizada? E a qualidade da ciência na pesquisa participativa? Há questões institucionais associadas com o uso da pesquisa participativa? O artigo não corresponde a uma resenha detalhada da literatura, ele não pretende estabelecer padrões para a pesquisa participativa, nem definir o que constitui a "boa" pesquisa participativa, mas antes disso pretende resumir as realidades da implementação da pesquisa participativa, como discutida e debatida por diversos autores já publicados, e oferecer uma base de referência útil para este número especial. pp 479-488
  • As abordagens de pesquisa participativa têm se tornado crescentemente populares entre os cientistas que trabalham para a diminuição da pobreza, o desenvolvimento rural sustentável e a mudança social. Esta introdução oferece uma visão geral do número especial do Desenvolvimento em Prática sobre o tema "operacionalizando a pesquisa participativa e a análise de gênero". O objetivo deste número especial é agregar valor à discussão das questões metodológicas, práticas, filosóficas, políticas e institucionais envolvidas no uso de métodos participativos sensíveis ao gênero. Baseados em 16 artigos, nós colocamos alguns dos principais debates, questões e experiências da pesquisa participativa e do desenvolvimento da tecnologia participativa no contexto da implementação, avaliação e institucionalização das abordagens de avaliação e pesquisa participativa. pp 467-478
  • In English only
  • Na tentativa de reconstruir Estados enfraquecidos pós-conflito, a comunidade internacional tem se inspirado fortemente em paradigmas de desenvolvimento neoliberais. Contudo, a construção do Estado neoliberal tem se mostrado ineficaz para estimular o desenvolvimento econômico em Estados pós-conflito, destruindo perspectivas de consolidação do Estado. Este artigo apresenta o Estado desenvolvimentista como um modelo alternativo para a construção do Estado internacional, mais adequado para superar os desafios de desenvolvimento que os Estados pós-conflito enfrentam. Com base na experiência do leste asiático, a construção de Estado desenvolvimentista buscaria a capacitação do Estado para intervir na economia e assim orientar o desenvolvimento, compensando o fracasso do crescimento liderado pelo setor privado em tornar-se realidade em vários Estados pós-conflito. O artigo conclui que tal abordagem exigiria, em primeiro lugar, que a comunidade internacional aceitasse mais honestamente suas responsabilidades de desenvolvimento quando decidisse intervir para reconstruir Estados enfraquecidos. pp307-318
  • Na era emergente “pós-Consenso de Washington”, o neoliberalismo está buscando alternativas que novamente enfatizem o Estado. Porém, nem a Dependência latino-americana nem o desenvolvimentismo do leste asiático – dois modelos de desenvolvimento realmente praticados “na base” – compartilham os pressupostos básicos do Estado liberal e racionalista. Primeiramente, persiste uma divisão ontológica significativa acerca do propósito do Estado. Desenvolvimentistas e dependentistas defendem uma agência estatal profunda e dinâmica em vez de um Estado sem intervenções, liberal, mínimo. Em segundo lugar, a teoria do desenvolvimento tem se desenvolvido dentro de uma estrutura liberal moderna de ciência, democracia, interesses da política externa americana e com um comprometimento cada vez maior com o alívio da pobreza. Dependência e desenvolvimentismo rejeitam estas referências neoliberais no interesse da consolidação e autonomia do Estado. A persistência das visões dependentistas e desenvolvimentistas do Estado impede uma reversão uniforme, pós-neoliberal na teoria de desenvolvimento de volta para o Estado. pp319-332
  • Este artigo oferece estratégias para o empoderamento de mulheres em ambientes conservadores, tribais e religiosos, com base em um programa inovador no Paquistão. A Integração Sistemática da Questão de Gênero e Desenvolvimento (MGD) incentivou os participantes a aproveitar as vantagens de suas comunidades, minimizou a resistência entre familiares e comunidades incluindo-os no processo de desenvolvimento e conseguiu desenvolver um quadro de mulheres ativistas. Com base em sua experiência, a autora questiona a importância da ação coletiva, sugere que a seleção de participantes deve ser baseada em aptidão em vez de condição sócio-econômica e destaca o potencial para o empoderamento de mulheres em ambientes desafiadores. pp333-344
  • Um número crescente de teóricos e profissionais da área de desenvolvimento vê as ONGs como catalisadores do desenvolvimento sustentável. As ONGs têm sido consideradas defensoras da democratização e promotoras de novas formas de engajamento na política, com influência considerável no desenvolvimento da sociedade civil e novas parcerias na defesa de direitos ambientais e sociais. Este artigo analisa as formas pelas quais as ONGs Ambientais (ONGAs) costa riquenhas engajam-se na política, tratando suas percepções de seus papéis na governança ambiental e na representação da sociedade civil. Os resultados deste estudo sugerem que as formas das ONGAs engajarem-se na política diferem pouco das formas tradicionais de governança, embora suas concepções de engajamento na política, mesmo não sendo políticas, são novas. Ainda que a maioria das ONGAs não possuíssem uma concepção clara das partes envolvidas que elas supostamente estavam representando, a noção da representatividade é complexa e deve ser revista. pp345-356
  • Este artigo discute a história e evolução das agências internacionais de envio de voluntários e a história e evolução dos voluntários internacionais como resposta não apenas aos sintomas mas também às causas da pobreza global e desigualdade. Ele avalia como os voluntários internacionais poderiam ser definidos, o que torna a função deles diferente de outras formas de assistência ao desenvolvimento no exterior (particularmente sua contribuição para o desenvolvimento de capacidade) e os pontos positivos e negativos que podem acompanhar estas diferenças. O artigo também analisa a adequação de voluntários internacionais enquanto colaboradores na transição para um Estado mais ecologicamente sustentável globalmente, apresentando algumas idéias de voluntários e outras partes envolvidas. pp357-370
  • Este artigo explora os esforços de se associar a pesquisa multidisciplinar e o engajamento de política para lidar com a pobreza infantil nos contextos de países em desenvolvimento, com base nas experiências de Young Lives, um projeto de políticas-pesquisa longitudinal internacional. Ele focaliza um estudo de caso envolvendo a aplicação de evidência de pesquisa sobre pobreza na infância para influenciar debates de políticas a respeito do Documento de Estratégia de Redução da Pobreza de segunda geração da Etiópia (2006–2010). A discussão é situada dentro da literatura teórica na interface entre conhecimento, política e prática, que apóia a conceituação de formulação de política enquanto processo dinâmico não-linear. Observa-se em particular a importância de serem compreendidos os contextos políticos e de políticas de países do hemisfério sul em vez de supor que eles deveriam simplesmente importar modelos de defesa de direitos provenientes do norte. O artigo conclui identificando lições gerais para transformar a pesquisa em mudança política-social. pp371-384
  • Embora haja concordância internacionalmente de que as piores formas de trabalho infantil devam ser eliminadas para se promover o bem-estar das crianças, o consenso termina quando se tenta definir o que constitui “trabalho leve”. Este artigo busca mostrar por que é difícil obter a concordância de todos quanto a essa questão, concentrando-se na definição de trabalho infantil proposta pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). pp385-394
  • A governança pós-conflito é um aspecto cada vez mais importante da assistência ao desenvolvimento estrangeiro na África subsaariana (AS), onde o enfraquecimento e desintegração do Estado destróem o desenvolvimento humano sustentável. Um grande desafio na reconstrução pós-conflito na AS diz respeito à incorporação de estruturas não estatais subnacionais e instituições informais no instrumento de governança pós-conflito. Para lidar com este aparente hiato na construção da paz sustentável, é preciso haver mais pesquisa teórica e empírica sobre o(s) papel(éis) sutil(is) e contribuição(ões) do Estado pós-conflito na reconstituição da governança e reabilitação das comunidades. Este artigo discute o pós–Consenso de Washington (PWC), uma abordagem de desenvolvimento emergente que busca reintroduzir o papel do Estado nos estudos de desenvolvimento e pós-conflito. A proposta central do artigo é a de que, diferentemente da premissa anti-estatista do Consenso de Washington, Estados, estruturas não-estatais e instituições informais desempenham um papel importante na promoção da conciliação institucional, interpenetração e integração entre estruturas governamentais de nível macro e instituições sociais subnacionais. pp395-402
  • O mundo encontra-se em um momento importante pois a humanidade contempla como nossa própria atividade está contribuindo para mudanças na terra e na atmosfera. Desafios terríveis exigem que se levantem questões fundamentais e que se aprenda a partir de fontes improváveis. Baseando-se na pesquisa de campo conduzida na província zambiana de Copperbelt, este artigo explora como as conversas públicas a respeito de visões diferentes da realidade podem informar idéias relacionadas ao desenvolvimento sobre o meio ambiente. Enumerando exemplos práticos em que palavras e imagens transportaram e moldaram pontos de vista conflitantes no ambiente das minas, o artigo afirma que se pode aprender muito com os pontos de vista práticos dos mineiros que trabalham nos túneis subterrâneos. A formulação de políticas poderia beneficiar-se, por exemplo, com a redução de sua dependência de pensamentos econômicos dominantes e cada vez mais basear-se em idéias históricas, culturais, filosóficas e teológicas quando se está planejando políticas, projetos e procedimentos. Questões de poder, controle e auto-concepção da humanidade em relação ao mundo físico também são explorados. pp403-411
  • As mulheres planejadoras da África não constituem uma massa importante: o número delas continua insignificante e seus resultados sem reconhecimento, enquanto conselheiros e modelos funcionais ainda tendem a ser masculinos. As experiências das mulheres são desprezadas e seu conhecimento é freqüentemente excluído de políticas, planejamento de projeto e implementação. Este artigo é resultado não de pesquisa acadêmica sistemática, mas de pesquisa confessional, meditativa e de pesquisa-piloto com base na experiência pessoal e nas experiências relatadas por 25 mulheres planejadoras entre 1999 e 2004. Ele deliberadamente busca quebrar a monotonia de basear-se em resultados de pesquisa, que freqüentemente estão desconectados de encontros práticos e emocionais. Utilizando material de depoimentos do Quênia, Nigéria, África do Sul, Uganda e Zimbábue, o texto examina o treinamento e ambiente profissional das "planejadoras" e discute as emoções, expectativas e experiências de mulheres planejadoras em encontros do dia-a-dia. pp412-419
  • Embora menos do que esperado, há recursos para intervenções simples e baratas que podem acelerar o progresso em direção aos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. O gerenciamento baseado em resultados tem sido a chave para aumentar o acesso à educação e ao serviço de saúde, mas faz pouco para mudar as condições políticas, sociais e econômicas que tornam as pessoas pobres. A menos que haja um melhor equilíbrio entre o direcionamento para se alcançar impacto mensurável, investimentos em medidas de erradicação da pobreza de longo prazo e a criação de espaço onde pessoas pobres podem discutir e desenvolver estratégias para alcançar igualdade e justiça social, não será tão fácil tornar a pobreza um fato da história, como muitas pessoas pensam. pp420-423
  • Embora haja freqüentemente uma forte ênfase na resposta a desastres, a preparação para desastres e mitigação de desastres estão, corretamente, recebendo mais atenção. Ao examinar o estado da preparação na Indonésia, este artigo está dividido em três seções. Primeiramente, ele revê os riscos presentes no país, tais como conflito, terremotos e tsunamis. Em segundo lugar, ele examina alguns dos esforços atuais em andamento por parte do governo e da comunidade internacional. Finalmente, o artigo afirma que o processo de preparação para desastres ainda não está completo. Os principais desafios permanecem: melhorar a coordenação entre organizações diferentes, criando uma cultura de gestão dos riscos de desastres, implementando métodos apropriados e mantendo o ímpeto em relação a esta questão no futuro. pp424-429
  • O desenvolvimento traz mudanças na vida das pessoas e suas formas de compreender e lidar com seu mundo. É possível distingüir entre dois tipos de intervenção de desenvolvimento: (a) melhorias na situação externa, principalmente por meio da provisão de bens públicos; e (b) fortalecimento da capacidade interior das pessoas, um esforço que depende de processos cognitivos. O artigo conecta conceitos básicos da teoria cognitiva com a prática de desenvolvimento e propõe caminhos para mais pesquisa para estudar a forma pela qual as pessoas desenvolvem suas capacidades e encontrar maneiras de apoiar tais processos. Uma compreensão mais ampla da mudança cognitiva como um fator-chave poderia aumentar enormemente a sustentabilidade dos projetos de desenvolvimento. pp430-436
  • Este artigo relata um estudo para explorar os fatores e motivações que contribuem para a participação de voluntários de comunidade em um projeto de alimentação em creches em Malauí. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com voluntários da comunidade em 15 dos 32 locais do programa. Os resultados apontaram para uma mescla de motivações pessoais, especialmente uma profunda preocupação com órfãos e crianças vulneráveis, uma obrigação moral de ajudar e um amor declarado pelo trabalho realizado, e também para fatores externos como espiritualidade, relações de reciprocidade e desenvolvimento de capital social. Compreender o que motiva voluntários a participar em ambientes com poucos recursos é crucial para reconhecer, promover e apoiar o trabalho que eles realizam. Pesquisas adicionais sobre trabalho voluntário no hemisfério sul são crucialmente necessárias. pp437-445
  • O boom na indústria de construção da África do Sul tem chamado atenção para a necessidade de desenvolvimento de habilidades. Este artigo relata uma avaliação do programa de treinamento “People at the Gate” iniciado pela Group Five nas províncias de Gauteng e Mpumalanga. O programa visa empoderar membros da comunidade local desempregados em áreas onde a empresa opera. O programa é voltado para mulheres e homens que vêm às unidades da empresa buscando vagas para trabalhar e não conseguem emprego devido à sua falta de qualificação. O estudo avaliou as dificuldades que os participantes enfrentam durante e após o projeto; oportunidades de emprego que são criadas e as habilidades mais necessárias em diferentes negócios e províncias. pp446-449
  • In English Only pp161-163
  • Os governos dos países em desenvolvimento necessitam programas efetivos para avançar as políticas públicas e melhorar o bem-estar social. Freqüentemente as ONGs possuem programas bem testados e resultados de pesquisas que são relevantes para tais necessidades; contudo, a ampliação da abrangência de programas-piloto para o nível nacional é difícil de ser alcançada e fracassa muitas vezes. Este artigo apresenta um caso bem-sucedido de ampliação de alcance com um programa de saúde sexual e competências psico-sociais para adolescentes no México, por meio de uma parceria ONG-governo envolvendo o IMIFAP, uma ONG mexicana. O caso ilustra como uma ONG pode criar uma parceria bem-sucedida com governos para ampliar a abrangência de programas efetivos, de forma que atendam às necessidades da população atingida e ao mesmo tempo protejam os valores centrais da ONG. pp164-175
  • O HIV ameaça a sobrevivência de muitas organizações da sociedade civil (OSCs) na África. Embora conheçamos o conjunto de custos potenciais para tais grupos, nós não possuímos um quadro detalhado da extensão do impacto. Este artigo trata de importantes resultados de uma pesquisa exploratória em Malauí. As pessoas que responderam à pesquisa perceberam que o desempenho geral nas quatro OSCs estudadas declinou 20% em média porque eles estavam trabalhando em um contexto de alta incidência do HIV. Porém, a resposta vinda da base das OSCs a essa ameaça foi muito limitada, de forma que elas continuam altamente vulneráveis a impactos futuros. Nós discutimos porque as CSOs não têm sido mais pró-ativas e recomendamos que a política dos doadores deveria ajudar os parceiros a responder à epidemia e habilitá-los a permanecer efetivos. pp176-189
  • Este artigo analisa a resposta humanitária internacional ao terremoto em Jogjakarta, Indonésia em maio de 2006. O texto também compara essa experiência com uma pequena mais muito bem-sucedida iniciativa local. O artigo identifica fraquezas inerentes no sistema internacional e defende a possibilidade de estender as lições aprendidas de um exemplo local. pp190-200
  • A prática de desenvolvimento é informada por teorias de mudança, mas indivíduos e organizações podem não deixar isso explícito. Os ativistas podem não ter consciência da extensão com que escolhas estratégicas e debates são informados por idéias divergentes acerca de como a história se desenrola e do papel da intervenção consciente para uma mudança social progressiva. Nos últimos anos, alguns funcionários da Oxfam GB têm criado processos para debater suas teorias de mudança como parte de um esforço para aperfeiçoar a prática. Nesse contexto, os autores introduzem quatro conjuntos de idéias sobre a mudança, com uma discussão de como elas têm sido exploradas em duas situações, além de alguns desafios que emergem desse processo. Por meio do debate explícito das teorias de mudança, os processos de tomada de decisão organizacional podem ser melhor informados e as decisões estratégicas tornar-se mais transparentes. pp201-212
  • As ONGs de países asiáticos muitas vezes enfrentam flutuações em seus fundos financeiros devido às prioridades em constante mudança de seus doadores internacionais. Sem recursos domésticos, as ONGs asiáticas são forçadas a realinhar suas prioridades de acordo com os interesses dos doadores a fim de competirem por recursos. No caso das ONGs dedicadas à advocacy, a assimetria resultante nas relações doador-receptores freqüentemente leva a uma crise de legitimidade e efetividade declinante da ONG. Devido à natureza política do trabalho de advocacy, essas ONGs devem preservar uma reputação de independência e legitimidade se elas quiserem ser influentes no processo político. Este artigo analisa o impacto da assistência de doadores internacionais às ONGs de advocacy no Camboja, Filipinas e Tailândia, além de oferecer recomendações para os doadores. Ainda que os doadores tenham gasto recursos significativos construindo a capacitação das ONGs de advocacy no sudeste da Ásia, as tendências dos fundos normalmente minam a efetividade dos receptores muito antes do financiamento ser concluído. pp213-222
  • Este artigo realiza uma reavaliação crítica de um projeto financiado pelo DFID na África do Sul entre 1998 e 2001. A avaliação buscou testar se o desenvolvimento de indicadores voltados à comunidade melhoraria a governança. Desde que o projeto terminou, uma série de textos foi publicada que são críticos de tais métodos participativos, argumentando particularmente que eles são apolíticos e adotam uma abordagem tecnocrática. À luz destas críticas, este artigo reavalia o projeto do DFID, dando prosseguimento à avaliação inicial realizada pelo autor em 2001. Sobantu, uma cidade negra em Pietermaritzburg, foi um dos locais do projeto original. Este foi o tema escolhido de nossa pesquisa porque a agência implementadora local foi uma instituição politicamente astuta e bem-conectada, que compreendeu a natureza política do processo requerido para se desenvolver os indicadores. Embora o projeto tenha alcançado alguns resultados positivos, o compromisso de longo prazo com os indicadores tem sido desde então comprometido. Isto se deveu em grande parte à incapacidade dos membros da comunidade engajarem-se significativamente com provedores-chave de serviços municipais. Contudo, mudanças recentes no regime de planejamento sul-africano poderiam oferecer oportunidades para que os indicadores se tornassem mais úteis novamente. pp223-234
  • Este artigo investiga a interação entre os processos de construção de teorias de desenvolvimento e práticas de desenvolvimento, argumentando que a teoria deve começar com a prática – e não deve ser de cima para baixo, começando com “o olhar exterior” de um acadêmico ou formulador de políticas supostamente imparcial. As questões levantadas levam a críticas das narrativas de desenvolvimento da corrente dominante e das noções de inovação por meio da difusão de novas tecnologias. Os autores sugerem que os pressupostos inseridos nos processos de desenvolvimento da corrente dominante conduzem ao acesso desigual a mercados globais e locais e que quando eles são impostos de fora sem uma compreensão real do contexto, o projeto de desenvolvimento está fadado a fracassar. Parâmetros para avaliar e analisar os resultados também precisam estar baseados em uma compreensão próxima do contexto – e isso freqüentemente surge por meio do envolvimento ativo em seu interior e não através de sermos “imparciais” de fora. O pressuposto de que um olhar de fora é “objetivo” está baseado em um discurso implicitamente colonizador, enquanto construir a teoria pelo envolvimento na prática produz melhores metodologias para ação e desenvolvimento. pp235-244
  • Ao mesmo tempo em que passam de uma abordagem de resposta às necessidades e demandas para uma abordagem mais baseada em direitos, algumas ONGs francesas estão repensando suas áreas de trabalho e suas maneiras de trabalhar. “Empoderamento” tem se tornado um conceito-chave neste contexto em mutação, embora às vezes seja difícil saber qual a melhor forma de aplicá-lo e compreender o que ele realmente significa em um cenário de ONG. Este artigo compartilha algumas das idéias sobre empoderamento, analisando seu “objeto” (indivíduos, organizações, redes ou movimentos) e o “processo” pelo qual ele é realizado. Utilizando a própria experiência do autor e uma breve revisão da literatura, o conceito é ilustrado pelos exemplos de movimento de deficientes internacionais e do movimento gay americano. pp245-257
  • O artigo explora o conhecimento e práticas de planejamento familiar entre a população tribal do sul de Gujarat. Os autores examinam as razões pela descontinuidade e não utilização de vários métodos contraceptivos modernos pelas tribos e esboça contrastes com práticas da população urbana. Eles consideram os papéis das mulheres, membros da família, líderes locais e comunicação efetiva, juntamente com ONGs e o setor privado e fazem recomendações para aumentar o acesso e o uso de vários métodos de planejamento familiar pelas comunidades tribais. pp258-266
  • Abordagens tradicionais para lutar contra a pobreza têm produzido resultados insatisfatórios em alguns países africanos e têm sido claramente/diretamente prejudiciais em outros. Crescimento econômico e gastos sociais por parte de governos nacionais e doadores internacionais têm sido ineficientes em alguns países, enquanto em outros eles têm exacerbado a pobreza. O autor considera que isso se deve à ausência de uma governança participativa. A partir de uma perspectiva teórica, o apoio à governança participativa baseia-se na abordagem de Amartya Sen para entender a pobreza, que conceitualiza esta última como ausência de capacidades (capabilities), levando à exclusão social. A falta de tal governança tem levado ao fracasso de abordagens tradicionais na luta contra a pobreza na África Subsaariana. Finalmente, o autor propõe uma ferramenta para avaliar a qualidade da governança e sua aplicação em Camarões. pp267-272
  • Com uma população crescendo rapidamente e recursos limitados, a accountability tem assumido uma importância crescente, especialmente na área de gestão pública. Para avaliar a efetividade dos gastos públicos em educação no Caribe, este artigo compara o desempenho de cinco nações caribenhas, examinando indicadores básicos, como a taxa professor–aluno, gasto por aluno, número de professores adequadamente treinados como uma proporção do total dos professores e comprometimento público com a educação. Ele analisa seu impacto nos indicadores de resultado, inclusive desempenho em inglês e matemática, taxa de repetência e taxa de sobrevivência na nota final da escola. O artigo conclui que os níveis de eficiência no desenvolvimento de capital humano no Caribe são muito desiguais e que países caribenhos enfrentam sérios desafios quando eles buscam maximizar os retornos de seu investimento na educação. pp273-279
  • Comparado com as visões divergentes do passado, o pensamento integrativo tem caracterizado recentemente o debate metodológico sobre a pobreza. "Qualitativo versus quantitativo" tem dado lugar para "qual–quant"; "inter-disciplinaridade" tem substituído "economia versus antropologia". Este artigo pretende avaliar esta mudança. Ele se inicia com uma visão geral histórica da abordagem econômica pura da pobreza e suas críticas. As críticas, tanto de dentro da economia quanto das disciplinas participativas e antropológicas, são examinadas e as tendências recentes são consideradas. A atual abordagem "qual–quant" é ilustrada com exemplos e o autor conclui que o futuro poderá assistir a emergência de uma abordagem "qual–quant participativa". pp 280-288
  • Valores são um importante tema nas discussões das ONGs internacionais (ONGIs), ajudando a criar as condições para a solidariedade entre os funcionários. Mas ao mesmo tempo, eles são também freqüentemente uma fonte de desmoralização e conflito destrutivo. Isto porque as percepções de valores que prevalecem como instrumentos de gestão ou como elementos em alguns conjuntos místicos incipientes tornam a relação de poder entre funcionários e gerentes difícil. Os valores precisam não ser pensados como um instrumento de gestão, e eles estão acima de todas as idealizações. Uma teoria alternativa de valores é a de que eles são um fenômeno emergente e intensamente social que surge diariamente entre pessoas engajadas em uma iniciativa coletiva. Eles são idealizações, mas devem ser discutidos no contexto cotidiano. O conflito é inevitável, mas a exploração da natureza deste conflito na prática diária é a única maneira de garantir que a discussão sobre valores seja um processo alentador. pp 5-16
  • Baseado em um estudo de dois anos, multi-método, sobre o “desenvolvimento” em uma pequena comunidade na área rural de Manitoba, Canadá, o artigo examina como as razões da comunidade e das pessoas viverem lá têm mudado e permanecido consistentes desde o início do povoamento da área pelos imigrantes ucranianos no final do século dezenove. A comunidade tem muito em comum com áreas marginalizadas do hemisfério sul, em termos de seu tratamento nas mãos daqueles no centro e daqueles que promovem o “desenvolvimento”. A autora argumenta que o conceito de “engajamento comunitário” (“place-making”) permite uma maior compreensão das dinâmicas na comunidade e mais possibilidades para se construir locais sustentáveis e habitáveis do que permite o conceito ou prática de “desenvolvimento”. pp 17-29
  • Only in English
  • Este artigo é uma tentativa de examinar um dos mais conhecidos fracassos de desenvolvimento comunitário no Reino Unido – o Projeto Barrowfield em Glasgow (1986-1996) – e compará-lo e contrastá-lo com outras tentativas de desenvolvimento comunitário, especialmente alguns associados ao trabalho de Mohammad Yunus e o Banco Grameen, bem como o legado de Paulo Freire. Concluímos que tanto Freire quanto Yunus supuseram a pré-existência de um tipo de comunidade que limitasse o impacto potencial de suas idéias em uma área como Barrowfield, onde anomia e apatia eram disseminadas. Concluímos, além disso, que assim como ações que pretendem ser liberadoras podem reforçar a hegemonia dominante, o oposto pode ocasionalmente ser verdadeiro também. Nos últimos anos, o Projeto Barrowfield tem ressurgido das cinzas de seu fracasso anterior, de forma que o presente trabalho precisa ser visto em tal contexto. pp 30-39
  • Para os propósitos de accountability e uniformidade, e como uma forma de dar idéias para seu capital intelectual relacionado às práticas de desenvolvimento, as agências doadoras requerem que as ONGs na África do Sul descrevam suas atividades em termos muito claros e precisos. Esses requisitos podem incluir a expressão de abordagem teórica, o desenvolvimento de esquemas lógicos, objetivos claros, indicadores de sucesso, critérios para desenvolvimento sustentável, e relações com políticas governamentais. Entretanto, a relação entre realidade, de um lado, e esses instrumentos e medidas planejados, de outro, na maioria das vezes estabelecida sem a contribuição das comunidades que eles terão de servir/atender, produz um quadro muito mais confuso, dinâmico e envolvente do processo de desenvolvimento. Apesar disso, exige-se das ONGs ainda assim que sejam transparentes e acessíveis, tendo por base os seus planos e propostas originais. O autor apresenta exemplos desse fenômeno e discute os desafios que um avaliador enfrenta quando lida com princípios conflitantes de accountability, autonomia e autenticidade. pp 40-52
  • Em 1993, o Banco Mundial deu assistência ao Ministério de Águas e Irrigação do Jordão na revisão de uma avaliação do setor de abastecimento de água, tendo então se iniciado o processo de participação privada (PSP) na provisão de serviços para melhorar a eficiência do setor de água e esgoto. Neste artigo, a privatização dos serviços de água e esgoto é examinada a partir das perspectivas dos colaboradores (insumos) e consumidores (produto). O objetivo é avaliar as mudanças que ocorreram até o momento em relação aos princípios de boa governança. Os resultados das entrevistas com as partes envolvidas e dos questionários aos consumidores mostram que o processo de privatização têm apresentado até agora somente uns poucos sinais de “boa” governança. A despeito do conjunto das partes envolvidas, o Estado permanece responsável pelo desenho de uma abordagem de boa governança que seja sensível às preocupações e aos interesses de todos as partes envolvidas. pp53-65
  • Como nos movemos da identificação de princípios éticos para o aperfeiçoamento da prática de desenvolvimento? Como os doadores e as ONGs podem ir além do relato de resultados técnicos e explorar aspectos menos tangíveis de seus projetos de saúde: contribuições para reconstruir a confiança, promover a coesão social e aperfeiçoar a governança no nível comunitário? Este artigo considera essas questões em relação às atividades de saúde e construção da paz em contextos de conflito. São descritas as dificuldades enfrentadas pelos praticantes e doadores que se empenham em trabalho de saúde e paz, dando ênfase em particular à ausência de ferramentas apropriadas para pesquisa, monitoramento e avaliação de projetos. O artigo critica o esquema lógico, uma ferramenta comumente utilizada no planejamento, monitoramento e avaliação de projetos, e o compara com uma nova ferramenta, o Filtro de Saúde e Construção da Paz, que foi elaborado para refletir a programação de saúde em contextos frágeis e conflituosos. Os autores argumentam que tais ferramentas podem ajudar a nos levar para além da concentração em recursos e produtos e em direção ao exame dos processos, relações e conseqüências indiretas dos programas de ajuda. pp 66-81
  • O entusiasmo pela sociedade civil que surgiu no final dos anos 1980 e 1990 com o colapso do Muro de Berlim e a disseminação de regimes democráticos tem sido substituído nos últimos anos por uma reação contra a sociedade civil em vários níveis e frontes. Isto intensificou-se particularmente após os ataques de 11 de setembro de 2001 e a guerra global ao terror que se sucedeu. Este artigo examina as causas desta reação dentro do contexto da “Longa Guerra ao Terror”, descreve as manifestações explícitas e implícitas da reação e reflete sobre as implicações para o futuro. Ele avalia como o crescente aumento de preocupações com a segurança e a concomitante expansão de medidas contra-terroristas em todo o mundo ameaçam os espaços para a sociedade civil prosperar e agir. Ele argumenta que embora as manifestações da reação, tais como as decisões sobre as ONGs na Rússia e a domesticação de ONGs promovida por agências bilaterais e multilaterais, possam parecer fenômenos distintos e desconectados, analisando-os mais minuciosamente, fica claro que eles estão intrinsecamente interligados. pp 82-93
  • O recente interesse nas remessas dos migrantes como um recurso de desenvolvimento chama a atenção para uma questão mais profunda: a relação entre migração e desenvolvimento. As remessas podem ser uma fonte significativa de entrada de recursos para os países e regiões pobres, mas seu impacto real sobre o desenvolvimento (positivo ou negativo) está ligado aos processos migratórios que o geram. A atenção à migração por sua vez cria uma oportunidade para pensar acerca do contexto mais amplo da política e prática de desenvolvimento, e para repensar as fronteiras que nós colocamos ao redor de nosso trabalho. pp 94-99
  • No início de 2007, o governo da Indonésia decidiu retirar suas amostras do vírus da influenza aviária (“gripe aviária”) dos centros que colaboram com a OMS, aguardando um novo mecanismo global para o compartilhamento de vírus que ofereceria melhores termos para os países em desenvolvimento. Em seguida, a 60a Assembléia Mundial de Saúde ocorrida em maio de 2007 resolveu estabelecer um estoque internacional de vacinas de influenza aviária e formular mecanismos para o acesso justo a tais vacinas. O artigo pergunta se existem oportunidades análogas para voluntários de estudos ou doadores de materiais biológicos exercerem uma pressão correspondente para avançar a eqüidade em saúde. pp 100-109
  • Notícias sobre os planos da Noruega de criar um “cofre do fim dos dias” na região congelada do arquipélago de Svalbard no Ártico, como uma reserva de garantia para os bancos genéticos convencionais, chegaram à imprensa mundial em 2006. A idéia de um Cofre de Sementes Global, que hoje é considerado uma “Arca de Noé” para sementes, foi inicialmente recebida com desconfiança e considerada irrealista. Em 1989/90 o governo norueguês ofereceu-se para construir um depósito internacional para sementes na área congelada, mas a iniciativa foi deixada de lado nos debates agitados entre países desenvolvidos e em desenvolvimento sobre o acesso aos recursos genéticos das plantas e o seu controle. A realização pela FAO do Tratado Internacional sobre Recursos Genéticos das Plantas para Alimentos e Agricultura (2004) resolveu algumas das mais difíceis questões e tornou possível o lançamento de uma nova iniciativa norueguesa para proteger alguns dos mais importantes recursos genéticos de plantas do mundo para o futuro. pp 110-116
  • Instituições nacionais e internacionais de formulação de políticas têm reconhecido a contribuição das ONGs no alívio da pobreza, por meio do empoderamento dos pobres e da continuidade ao apoio de suas atividades. Em Bangladesh, as ONGs estão trabalhando em níveis locais e nacionais, mas muito poucas estão trabalhando com os grupos mais pobres e vulneráveis que vivem em áreas de rios e costeiras, conhecidas como terras queimadas. Essas áreas são diferentes de outras partes do país em termos de suas estruturas físicas, econômicas e sociais, e elas requerem uma abordagem diferente a fim de lidar com o conjunto único de problemas que enfrentam os que lá vivem. Utilizando programas experimentais e inovadores, um pequeno número de ONGs locais começou a causar impacto em uma área onde as intervenções e sucessos governamentais são raros. pp 117-124
  • O Patronato de Nutrición introduziu um conjunto de 18 tecnologias agrícolas opcionais na comunidade indígena de Chalite, Panamá. Três das tecnologias foram adotadas por mais da metade dos agricultores pesquisados, enquanto oito tecnologias adicionais foram adotadas por 20 por cento a 50 por cento dos agricultores. Os agricultores tenderam a adotar tecnologias associadas a culturas familiares, implementadas previamente por outros grupos ou que requeressem quantidades de trabalho ou recursos financeiros limitados. O artigo mostra como os grupos de desenvolvimento podem rapidamente reduzir o número de tecnologias oferecidas a fim de ofertar serviços mais efetivamente. pp 125-130
  • Este artigo discute duas organizações que oferecem atualmente seguros privados de saúde voluntários em Uganda e considera suas contribuições para superar a lacuna no atendimento do serviço público de saúde do país. pp 131-135